11/10/2008

Porque não votamos?!


Ora aí está uma bela pergunta!

É quase tão dificil de responder que parece uma pergunta de carácter filosófico.

No entanto, no auge da minha mente pouco filosófica, elaborou-se uma teoria:


Os portugueses não votam porque têm uma agenda!

(Eu também tenho uma, mas isso agora não interessa nada).


Somos pessoas ocupadas.


Analisemos então esta linda teoria em conjunto.

Os momentos de voto são sempre num domingo.
Meus senhores, um domingo é um dia muito atarefado.
Fazendo um esboço de uma agenda típica portuguesa, podemos constatar que temos tudo menos tempo para ir às urnas.

9h- preguiçar (vulgo fazer ronha. Ninguém se levanta cedo num Domingo)
10h- levantar, tomar banho, despir o pijama e vestir o fato-de-treino e nalguns casos aparar a barba

11h- ir tomar o pequeno-almoço à pastelaria (café e pastel de nata, para os miúdos uma meia de leite e uma bola de berlim)

11h30 - ir ao supermercado comprar coisas para fazer o almoço

12h30 - fazer o almoço (abrir latas e pacotes e aquecer coisas no microondas)

13h30 - almoçar

14h- arrumar a cozinha (colocar a loiça suja na máquina)

15h- ir ao centro comercial

16h- entrar e sair de um monte de lojas, remexer nos produtos e não comprar nada

17h- dar o lanche aos miúdos (ir ao McCalorias, lanche nutritivo com McSabor e
McGorduraHidrogenada)

18h- ir à missa

19h- fazer o jantar

20h- encher a pança


Com uma agenda destas, quem é que tem tempo para ir às urnas?!

Não dá de maneira nenhuma.

Privar-nos de qualquer uma destas tarefas é meio caminho andado para uma depressão, stress ou ataque de ansiedade.
E o pastel de nata? E as pechinchas nas lojas de roupa? E o supermercado?
E o lanche energético para manter a linha (manter a linha curva é muito importante)?!

Deixar de ir à missa está completamente fora de questão! É pecado.


Já para não falar dos transtornos!
Ir às urnas significa procurar na carteira, entre os cartões de cliente, os cartões de créditos, os vales de desconto, as fotos dos filhos e dos sobrinhos, aquele cartão estranho para ir votar.

E mais, nunca sabemos onde estão as urnas. Nas juntas de freguesia, nas escolas....
Estas coisas implicam sempre desvios no nosso trajecto, trânsito, stress no engarrafamento, dificuldades para estacionar e mais uma conta de estacionamento.

Depois, se pensarmos bem, enquanto não implementarem o sistema de voto electrónico como nos países da América do Sul, votar não é ecológico.

Votar gasta papel que é fabricado através de uma grande matéria prima que são as arvóres.
Votar implica tirar o carro da garagem, fazer um percurso de 500m até às urnas e dar umas quantas voltas de mais de 2Km até conseguir arranjar um sítio para estacionar o carro.
Será que estas pessoas não pensam na poluição que um eleitor tem que fazer ao emitir dióxido de carbono para a atmosfera?! Votar exige grandes deslocações.

Por isso, creio que depois desta mão cheia de boas razões para não votar, o melhor mesmo é continuar na Abstenção.


Até Breve,

K

05/10/2008

5 de Outubro


Hoje estamos no dia 5 de Outubro de 2008.

É domingo. Para mim como para grande parte dos portugueses foi um domingo normal.

Eu falo por mim. Um bom encontro com o aspirador e com os detergentes que foi um mimo. Nada como um bom domingo para meter a desarrumação fora de casa.
Almoço em casa dos papás com a paparoca devidamente executada pela mamã.

Pança cheia (e remorso igualmente cheio por ter comido de mais).

Mas enfim...

As pessoas andavam de fato de treino, foram à pastelaria lanchar e outras foram ao supermercado.

ALTO E PÁRA O BAILE!!!

Um domingo normal?? Aspirador e detergente??
Creio estar demente.

Hoje não é um domingo qualquer onde armo-me em serial killer face ao milhão de ácaros que habita confortavelmente a minha modesta mansão.

Hoje é 5 de Outubro. Hoje a República Portuguesa faz 98anos e ninguém lhe canta os Parabéns.

Se não fossem os noticários, acho que por ser Domingo, ninguém se lembrava que era feriado.
Ninguém se lembrava que à 98 anos atrás ninguém podia votar e tinhamos um rei a mandar em todos nós.

Também é compreensível. São 98anos!!

A idade não perdoa a ninguém e é normal que a memória já não seja o que era.
A demência e a alienação são normais nesta idade.

Mas, o mais curioso disto tudo é que quem está demente não é a nossa respeitável república.
Somos nós, os "republicanos".
Os Republicanos Portugueses andam um bocado gagas e esclerosados e já não dão muita importância ao que deveria ser verdadeiramente importante.

(Também não há muito para exigir!! Quando o Natal só existe para encher a pança e receber presentes, que tipo de comemorações deveriam existir para assinalar esta data?!)

A verdade é que o feriado existe. E até dá muito jeito!
("Já viste Maria?! Pró ano é fim-de-semana prolongado! Se for como este ano ainda vamos até ao Algarve")

E vão. E muitos até foram. E muitos nem sequer pararam um bocado para pensar no que seria as suas grandes vidinhas se não tivesse existido um 5 de Outubro.

Desengane-se quem pensou que se não houvesse 5 de Outubro, o mês de Fevereiro iria ter 30 dias de 4 em 4 anos.

Não havia referendo para o aborto.
Seríamos todos católicos.
Não havia eleições, Juntas de Freguesia, nem partidos políticos a oferecerem canetas nas campanhas eleitorais.
Desconfio até que não ia haver Magalhães para os miúdos (e isto sim, seria dramático).

Não ia haver Salazar, nem 25 de Abril!

("Ai Maria!!! Dois feriados a menos!! NÃÃÃÃOOOOO!!!!")

Já não peço que desse uma aula de história aos seus filhos.
No mínimo, dizer que é graças à República que podemos votar e escolher os nossos representantes.
Ia ser muito engraçado, enquanto tentava enfiar os brocólos nas goelas do seu filho, que ao menos o tivesse distraído e dito:

"Agora Tomás, imagina que quem manda nisto tudo era um Rei?!"

Mas estamos idosos.
Já não temos mais disposição para pensar nem para agradecer tudo o que temos.
Só nos resta levar o nosso reumatismo mental até ao Shopping mais próximo e airar o stress da semana. (Afinal até é ínicio do mês e ainda temos uns trocos para gastar).

Tal como os idosos do nosso país, a República está um bocado "posta ao lado".
Só desejo que ela não morra.

Deixa uma herança muito boa. Mas a sua sucessão?

O que sucede uma República se ela morrer?

Haverá liberdade?

Um viva pela nossa Liberdade!! (VIVA!!)

Até breve,

K