05/10/2008

5 de Outubro


Hoje estamos no dia 5 de Outubro de 2008.

É domingo. Para mim como para grande parte dos portugueses foi um domingo normal.

Eu falo por mim. Um bom encontro com o aspirador e com os detergentes que foi um mimo. Nada como um bom domingo para meter a desarrumação fora de casa.
Almoço em casa dos papás com a paparoca devidamente executada pela mamã.

Pança cheia (e remorso igualmente cheio por ter comido de mais).

Mas enfim...

As pessoas andavam de fato de treino, foram à pastelaria lanchar e outras foram ao supermercado.

ALTO E PÁRA O BAILE!!!

Um domingo normal?? Aspirador e detergente??
Creio estar demente.

Hoje não é um domingo qualquer onde armo-me em serial killer face ao milhão de ácaros que habita confortavelmente a minha modesta mansão.

Hoje é 5 de Outubro. Hoje a República Portuguesa faz 98anos e ninguém lhe canta os Parabéns.

Se não fossem os noticários, acho que por ser Domingo, ninguém se lembrava que era feriado.
Ninguém se lembrava que à 98 anos atrás ninguém podia votar e tinhamos um rei a mandar em todos nós.

Também é compreensível. São 98anos!!

A idade não perdoa a ninguém e é normal que a memória já não seja o que era.
A demência e a alienação são normais nesta idade.

Mas, o mais curioso disto tudo é que quem está demente não é a nossa respeitável república.
Somos nós, os "republicanos".
Os Republicanos Portugueses andam um bocado gagas e esclerosados e já não dão muita importância ao que deveria ser verdadeiramente importante.

(Também não há muito para exigir!! Quando o Natal só existe para encher a pança e receber presentes, que tipo de comemorações deveriam existir para assinalar esta data?!)

A verdade é que o feriado existe. E até dá muito jeito!
("Já viste Maria?! Pró ano é fim-de-semana prolongado! Se for como este ano ainda vamos até ao Algarve")

E vão. E muitos até foram. E muitos nem sequer pararam um bocado para pensar no que seria as suas grandes vidinhas se não tivesse existido um 5 de Outubro.

Desengane-se quem pensou que se não houvesse 5 de Outubro, o mês de Fevereiro iria ter 30 dias de 4 em 4 anos.

Não havia referendo para o aborto.
Seríamos todos católicos.
Não havia eleições, Juntas de Freguesia, nem partidos políticos a oferecerem canetas nas campanhas eleitorais.
Desconfio até que não ia haver Magalhães para os miúdos (e isto sim, seria dramático).

Não ia haver Salazar, nem 25 de Abril!

("Ai Maria!!! Dois feriados a menos!! NÃÃÃÃOOOOO!!!!")

Já não peço que desse uma aula de história aos seus filhos.
No mínimo, dizer que é graças à República que podemos votar e escolher os nossos representantes.
Ia ser muito engraçado, enquanto tentava enfiar os brocólos nas goelas do seu filho, que ao menos o tivesse distraído e dito:

"Agora Tomás, imagina que quem manda nisto tudo era um Rei?!"

Mas estamos idosos.
Já não temos mais disposição para pensar nem para agradecer tudo o que temos.
Só nos resta levar o nosso reumatismo mental até ao Shopping mais próximo e airar o stress da semana. (Afinal até é ínicio do mês e ainda temos uns trocos para gastar).

Tal como os idosos do nosso país, a República está um bocado "posta ao lado".
Só desejo que ela não morra.

Deixa uma herança muito boa. Mas a sua sucessão?

O que sucede uma República se ela morrer?

Haverá liberdade?

Um viva pela nossa Liberdade!! (VIVA!!)

Até breve,

K

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